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Não me reconheço no passado

  • Foto do escritor: FiGAS
    FiGAS
  • 18 de jun.
  • 3 min de leitura

​Não me reconheço no passado, mas sei bem que ele que me trouxe até aqui.


Como assim que meu último texto na FiGAS foi em 2021? 


Me espanto pensando: "não pode fazer tanto tempo assim, essa contagem está errada. Eu jurava que tinha sido em 2023." 


Mas não, realmente fazem quatro anos que não dedilho o teclado pensando em comidas, refletindo meu cotidiano, a vida e suas facetas.


Onde foi parar esse lado meu que tanto amo? Eu sei bem aonde. Ficou levitando de vento em vento, entre tempestades, garoas e dias de frio de sol intenso. Sempre ali, assoviando com calma "ainda estou aqui" e esperando que o furacão que me revirou passasse, para que, finalmente pudesse se apoiar em meu ombro e dizer "É hora. Voltemos".


Pareceu como se tivesse sido ontem os vários livros de tantos temas em cima da mesa, as pesquisas de receitas e histórias de comida e noites adentro escrevendo. Mas foram alguns anos atrás, e nesse meio tempo o mundo seguiu, enquanto o meu mundo virou de cabeça pra baixo e a vida levantou poeiras, trouxe luzes, sombras e forças. Forças essas que precisei reunir, aos poucos e colocar de volta no jarro e enfim tomar dessa água que acalma minha sede. 



Abro um sorriso enquanto tomo um grande gole de água, lembrando de "Ensaio sobre a cegueira", que mostra, em um brevíssimo espaço de tempo, que água é preciosa e com ela brindamos sim. Brindo então a mim, aos recomeços, à coragem. Não é o que a vida quer da gente? Coragem.

Quero reler tudo que um dia escrevi e pensar se ainda sou eu, mas a vontade de correr para colocar em tela o que está na mente é maior. Estou voraz em me jogar e apresentar esta nova eu e compartilhar tudo que aprendi nesses anos em que não estive aqui. Estava em tantos outros cantos, com tantas outras ideias e afazeres, mas sempre com saudades de falar de afeto e de comer.


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Hoje, a página em branco não me assustou, pelo contrário me fez feliz, me encheu o coração de esperança. E como é linda a esperança, esse fio tênue que nos agarramos com ansiedade por algo bom logo ali virando a esquina. 


Penso nas pessoas que entraram em minha vida depois que parei de vir aqui. Não conhecem essa parte minha. Será que vão gostar? Penso também nas que leram tudo e reclamaram do meu sumiço. Gostarão do meu novo eu?


Sempre escrevi pra mim, mas sem quem leia não faz sentido. Nesse formato obsoleto ao qual sempre me prendi reside minha convicção que as palavras ainda cabem, que os textos são formas de carinho, e uma leitura boa engrandece. Sem aceleração, sem imagens, sem áudios, apenas palavras soltas que desejam ser lidas com calma, como um café da manhã de domingo naquele breve silêncio que surge quando as crianças vão brincar lá fora. 

Hoje não teve comida nem reflexão. Para elas dedico meu tempo maior, meus planos altos e pesquisas sem fim. Mas vou aqui, voltando com temperos, aromas, toques, texturas e amor.


E obrigada por ler esse pedaço meu que tanto gosto.


Rebeca. 


E claro, uma música para finalizar.





Foto de Jonathan Sanchez na Unsplash | Foto de karl chor na Unsplash | Foto de Jess Bailey na Unsplash



 
 
 

2 comentários


Laura Camarano
Laura Camarano
04 de jul.

Somos muitas e tantas infinitas possibilidades. Que bom não se reconhecer no passado e construir quem você quer ser hoje. Te admiro em todos os pedaços que conheço. :)

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Claudia Amorim
Claudia Amorim
18 de jun.

Bem-vinda de volta, nova Beca!

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