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VINHO É COMIDA?

  • Foto do escritor: FiGAS
    FiGAS
  • 20 de out. de 2020
  • 4 min de leitura

Atualizado: 21 de out. de 2020

Olha, eu acho uma tarefa muito intensa escrever sobre algo que amo e leio muito. Tenho a eterna sensação de que quanto mais sei, nada sei, de que a cada página lida e informação aprendida, surge a necessidade de mais 10 páginas, e aprofundar naquele tema. E destes assuntos que me encorajam e assustam, o vinho com certeza é um.


Tem tanto estudo, análise, pesquisa, livros, receitas, conversas e definições sobre essa bebida mágica, que parece que nem mil palavras farão jus à sua complexidade.

Também pudera, “sua invenção ou descoberta é tão antiga que está registrada apenas indiretamente no mito ou na lenda. Mas evidências arqueológicas sugerem que o vinho foi primeiramente produzido durante o período neolítico, entre 9000 e 4000 a.C, nas montanhas de Zagros”, (Tom Standage, “A história do mundo em 6 copos”).

As bebidas fermentadas nos acompanham há milhares de anos, desde os primórdios dos seres humanos enquanto agricultores. O vinho acompanha nossa história, e tem longa data de estudos e poemas e lendas sobre ele. Tanto já escrito, e ainda tanto a se escrever!


Então, vamos refletir um pouquinho nesse liquido ancestral?!

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Vinho é agricultura, e como tal, está sujeito à questões da terra, do clima, do tempo, e suas intercorrências. O mundo está acelerado, urgente, demandante. Processos que em teoria levariam meses, até anos para acontecer, com o uso das tecnologias são agilizados para atender o mercado, e um grande exemplo dessa correria toda é a alimentação, e o vinho não fica para trás.


Ir a um mercado e comprar um vinho produzido na França, hoje, pode ser tarefa fácil. Aliás, vinhos de toda parte do globo figuram nas prateleiras por aí, aos mais variados preços e gostos. É um mercado grande, forte e competitivo, onde cada vez mais consumidores buscam sabores diferenciados.

Mas, considerando então essa evolução toda dos tempos, o vinho que nossos antepassados bebiam é igual ao que hoje está nas nossas celebrações? Com certeza, não. Aliás, essa reflexão vai pra muitos e muitos alimentos em nossas vidas, e justamente daí surgiram movimentos que visam o comer com calma, o produzir com tempo, refletir os passos dados do semear até nossa mesa, perceber as nuances da terra e o que ela oferece. Me parece ser o melhor de dois mundos, aliar os conhecimentos tecnológicos de hoje com o cuidado e carinho no plantar, colher, produzir e comer.

Então será que tem vinho mais industrial e vinhos menos? Tem. Utilizando a comparação usada por Lis Cereja na sua participação no podcast VaiSeFood: pense em suco de laranja de caixinha e suco laranja da fruta. Pensou? Pois então você compreendeu também sobre a disponibilidade dos vinhos que temos hoje.


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Por todo o planeta percebe-se um forte movimento de busca por questões naturais, da importância da defesa da terra, de um viver e comer mais consciente. No mundo os vinhos, isso também se aplica. Naturais, orgânicos ou biodinâmicos. Estas são algumas definições utilizadas sobre os vinhos produzidos por vinhateiros que resgatam os fazeres ancestrais, respeitam o tempo e a natureza e buscam por uma bebida com mais impacto, mais realidade, menos (ou nenhuma) intervenção.


E no Brasil, como fica? O Brasil tem uma vasta e linda cena de vinhos maravilhosos produzidos por profissionais dedicados. Temos vinhos deliciosos, encorpados, intensos, leves, espumantes premiados, uvas ancestrais e uma terra abundante. Inclusive, é aqui no Brasil uma das principais feiras de vinhos naturais, a “Feira Naturebas” (corre lá para se inscrever que ela vai rolar online durante todo o mês de novembro @feiranaturebas ou www.feiranaturebas.com.br).


E dentro desse imenso mundo de vinhos, já ouviu falar sobre terroir? Este termo, também utilizado no café, fala do solo de onde vem o vinho. A composição de um campo, seu manejo, o ambiente e condições climáticas definem muito dos sabores que o vinho virá a ter. Cada garrafa traz dentro de si segredos da terra onde um dia aquela uva esteve. Os vinhos europeus por exemplo, são classificados por região geográfica, e não pelas uvas que o compõe, tamanha é a importância da terra de cultivo.


O enólogo Carlos Sanabria comenta um pouco sobre e região de Bento Gonçalves, no sul do país e sua produção vinícola:

“Nossa região é situada na encosta superior do nordeste do Rio Grande do Sul. Temos uma topografia acidentada, basicamente de colinas de forma ondulada e uma declividade que pode chegar até 75%. Os vinhedos são plantados em altitudes que variam de 600 a 900 metros, em um clima subtropical, o que significa estações relativamente bem definidas, embora os últimos tempos tenham bagunçado o coreto um pouco. Temos chuvas bem distribuídas, inverno frio com ocorrência de geadas, um verão ameno possibilitando assim uma amplitude térmica interessante para as uvas e seus compostos fenólicos. Nossos solos são de bases de basalto, solos rasos e pouco profundos, bastante pedras, matéria orgânica franco argilosa, com uma composição de um pouco de areia, que caracteriza esses solos com uma certa acidez maior. Em resumo, elaboramos vinhos estruturados, com bastante frescor, muito elegantes, gastronômicos e com potencial de guarda. Respeitando a natureza e produzindo belos vinhos."

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Ainda resta uma questão: mas afinal o que difere os tais vinhos mais naturais daqueles que encontramos no mercado? São diversos fatores, a começar no cultivo, no cuidado com o solo, o manejo sem intervenção, a mínima ou nenhuma adição de aditivos químicos, e muitos outros.


Ufa, tem pano pra manga nesse assunto tão saboroso. Se você deseja saber mais, fica a dica do e-book da @liscereja, só buscar lá no site dela.


E seguimos refletindo o quê e como comemos.

Imagens: @brookelark e @kiboka para @unsplash

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